Por - Fábio SinegagliaNa segunda metade do mês de Setembro tivemos a confirmação que os Jogos Olímpicos de 2016 serão no Brasil, essa competição soma-se a Copa do Mundo de 2014 que também será em solo brasileiro. Pois bem, definitivamente viramos o País do esporte.
E se não bastasse a Fórmula 1 tem sua etapa brasileira desde os anos 70, e a cidade de São Paulo – no Autódromo de Interlagos, que havia sido a anfitriã dos GPs Brasil nos anos 70, voltou a sediar a etapa em 1990 e o fato é repetido todos os anos, e no próximo final de semana o Circo da Fórmula 1 terá novamente a sua tenda montada em São Paulo.
Muito mais do que um esporte, a Fórmula 1 é um grande balcão de negócios, onde muitos milhões de dólares são investidos todos os anos na categoria, e muitos outros dólares serão gastos por turistas na capital paulista.
As equipes se deslocam ao Brasil com um verdadeiro batalhão de pessoas, algumas destas pessoas para trabalhar nos carros, outras para fazer negócios e também temos os convidados especiais das equipes, além é claro dos pilotos.
Para os seus convidados e funcionários a equipe Red Bull publicou no último dia 9 de outubro, um verdadeiro guia a sobrevivência na Selva de Pedra, ou seja, um manual de orientações para os estrangeiros que irão visitar São Paulo em função do GP Brasil de Fórmula 1. O texto do guia é um verdadeiro Tapa da Cara em todos os brasileiros e em todos os Paulistanos.
O informativo começa com a seguinte afirmação "O Brasil é como uma droga que a F-1 não se cansa" o texto da equipe continua com as suas opiniões e afirma “Com ótima comida, poderosos drinques, música intoxicante (mas não tão intoxicante quanto a caipirinha) e gente bonita, como não gostar?", em outras palavras: apesar de tudo da para se divertir um pouco.
A respeito das coisas boas que a cidade de São Paulo tem para oferecer a equipe Red Bull volta a nos comparar com as drogas e afirma "mas como toda droga, existem os momentos que a melhor coisa é dizer não".
E não pára por ai: colocando uma série de perguntas em que a resposta sempre deve ser "não". Essas perguntas são: "Esse Rolex é original?", "gostaria de sua oitava caipirinha?", "tenho de parar no farol vermelho?", "gostaria de encontrar uma garota muito bonita que eu conheço?", "ela é realmente uma garota?", "quer mais carne?", "posso estacionar seu carro?", "será que minha mulher vai acreditar que esse fio-dental na minha mala é um presente para ela?", entre outras. Ou melhor, fica claro três coisas: O medo, a ironia e o turismo sexual por traz do evento.
Ou seja, ainda somos vitimas de preconceitos oriundos de outras partes do mundo, não podemos entrar nesse verdadeiro OBA-OBA que tomou conta de todos os envolvidos na escolha do Brasil para ser sede dos Jogos de 2016 e da Copa do Mundo de 2014, a imprensa deve ser vigilante dos desmandos feitos pelos órgãos públicos, com as coisas do esportes, e não entrar na onda de que aqui está tudo certo e aqui se vive na nova capital do Esporte Mundial, e não aplaudir as escolhas pensando em seus próprios interesses.
E em relação à equipe Red Bull tenho uma sugestão, em 2010 não venha para cá. Certamente a corrida em Interlagos ocorrerá com vocês ou sem vocês. A Fórmula 1 não vai acabar sem essa equipe e também não vai acabar sem o GP do Brasil, ou seja, a equipe Red Bull e o GP Brasileiro, são iguais, se tudo aqui é uma droga, tudo dessa equipe é igual.
sinegaglia@uol.com.br