sábado, 1 de setembro de 2012

Foi bom enquanto durou e sempre é possível amar novamente!


E terminava mais uma sexta-feira, após um dia intenso de trabalho, chega o momento mais delicado do dia para Ela. Quem a observa não imagina que horas antes estava envolvida pela adrenalina do poder Judiciário, provocada por processos estudados, debatidos no Tribunal com outros advogados e juízes, defendendo com muita segurança e confiança seus pontos de vista.

Porém, com o cair da noite e a proximidade do fim de semana toda a autoestima e firmeza nas palavras expressadas horas antes simplesmente desaparece. Faz frio em São Paulo, os termômetros marcam dez graus e a baixa temperatura parece ser ainda mais intensa dentro do seu coração.

Após o Jantar e vasculhar pelos mais de cem canais de sua TV por assinatura, é o momento de dormir e com esse frio, fica ainda melhor pegar no sono. Depois de preparar a sua cama com diversos edredons para o merecido descanso de mais uma semana de trabalho acontece algo que virou rotineiro.

No momento de se deitar uma pausa. Ela para, senta na poltrona ao lado do guarda roupa e apenas observa o vazio de sua cama forrada de edredons e travesseiros. É, a cama ainda é a mesma, comprada há pouco mais de três anos, naquele momento cheio de alegrias e expectativas de vivenciar um casamento perfeito e com um namorado sem defeitos.

E nesse momento todas as lembranças dos últimos três anos atingem seu coração, como se uma faca estivesse entrando em seu peito, tamanha é a angustia pela saudade dos momentos que não são mais possíveis e a pergunta que sempre atormenta suas noites continua sussurrando em seus ouvidos, mas por que não deu certo? Onde foi que eu errei? Por que teve que terminar assim?

A resposta é o silêncio e as lagrimas que escoam em seu rosto. Lentamente ela se levanta da Poltrona, deita na cama se embrulha e tenta dormir. Ao virar de lado sentiu apenas um grande espaço frio entre as saudades.

E apesar do corpo esgotado pelo dia duro de trabalho, a angustia provocada por esse sentimento de perda impede a chegada do sono. Sem conseguir dormir, ela senta na cama e acende o abajur, quando a luz é acesa, observa um pedaço de papel meio rasgado em baixo do seu guarda roupa, curiosa por não ter percebido antes, vai em direção ao guarda roupa, faz força, levanta, puxa o papel e retorna para sua cama.

No entanto, ainda se perguntando. - O que esse papel está fazendo aqui sem perceber antes? Aproveitando a luz do abajur, abre o papel que estava dobrado, pega os óculos na escrivaninha ao lado para ler o que está escrito.

Quando começa a ler esse misterioso papel, mais uma vez seus olhos transbordam de emoção. Era um texto com autor desconhecido dizendo.

“Nunca devemos nos cobrar e nos questionar por que um relacionamento não deu certo. Essa nunca foi uma pergunta correta a ser feita a si mesmo ou para outras pessoas. É uma pergunta mentirosa, porque pelo menor tempo que um relacionamento tenha durado é claro que ele deu certo sim! Tudo na vida tem um começo, meio e fim. Depois de um, dois, três ou quatro anos ao lado de uma pessoa é preciso ressaltar os momentos felizes que foram vivenciados. Esses momentos é motivo o suficiente para acreditar que deu certo e que foi bom enquanto durou. E não podemos esquecer que o bom da vida, é que sempre é possível começar uma nova história de amor, no momento que menos esperamos e até com quem nem pensávamos em ter qualquer tipo de relacionamento”.

As palavras escritas naquela simples folha de papel, parece ter entrado em seu coração como se tivesse tomado um choque de realidade.

Devagar, ela dobra novamente aquela folha desconhecida, coloca na escrivaninha ao lado da cama, apaga a luz do abajur e como se tivesse tirado um peso das costas e com a cabeça leve, deita-se novamente, o travesseiro parece flutuar e o frio da madrugada traz uma leve garoa que começa a cair no telhado, permitindo a chegada do seu sono.

E pela primeira vez, após seis meses de separação, Ela enfim consegue ter um sono tranquilo e renovado...

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