terça-feira, 4 de setembro de 2012

Não me conquiste, é melhor assim!

Por - Denise Bonfim

Mais uma vez eu estou parada olhando nos teus olhos e pensando no que posso te dizer. Esse é o momento que, em tese, eu deveria te apontar com as palavras como sua presença tem sido importante pra mim. Tão atento e ao mesmo tempo, longe, confunde meus pensamentos a cada beijo.

Hoje você ligou. Perguntou como andavam as coisas, se eu estava bem, e se o trabalho ainda me consumia todo o tempo como de costume. Eu, do outro lado da linha, fingia responder com indiferença, mas já idealizava qual peça sairia do guarda roupa para ir ao seu encontro, a noite.

Você ainda não havia sequer falado no assunto, pra todos os efeitos, essa era apenas uma ligação “para saber se você está bem”. Mas há tempos já me acostumei com essa nossa rotina, essa nossa dinâmica confusa. Aprendi que no fim das contas, nosso jantar acaba virando um café da manhã.

Você chegaria as 19h15, com os já de praxe minutinhos de atraso, e eu nem me preocupei em apressar a maquiagem. Mais uma vez, um jantar, e com ele, aquela serie de situações que me fazem sentir tão confortável e segura como mulher. Ainda no telefone, diz sentir minha falta. Eu trato de me demorar um pouco mais na escolha do sapato.

Olho atenta, como sempre, esperando seu carro dobrar a esquina. Quando chega, você desce e dá a volta para apenas abrir a porta para mim. Um suspiro de alívio e uma poesia sobre cavalherismo me tomam os pensamentos por segundos.

O tempo passa, mas ainda somos os mesmos. “Somos quem podemos ser”, já dizia Humberto Gessinger em uma de suas bossas,que pra mim demorou um bocado pra fazer sentido. Chegamos ao restaurante, você pega a minha mão e toma minha frente, como se dissesse que te pertenço. Me protege do frio enquanto não achamos a mesa, e deixa o que vamos comer a minha escolha – “só dessa vez” – fez questão de falar.

Mais uma vez estou parada olhando nos teus olhos e pensando no que posso te dizer. Você está alí, sentado a mesa se prestando aos meus poucos caprichos. Por mais uma noite, você é meu. E as atitudes, um artifício para chegarmos juntos mais uma vez a hora do café.

Os gostos, quase todos acatados. Presentes, surpresas… Eu preciso suplicar para que não me conquiste? A sensação é de que em meios aos caminhos que o destino nos traça, uma hora, nos perderemos. E você deixará de ser meu, mesmo que por esporádicos jantares.

Não me conquiste ainda mais. Que tal continuarmos fingindo que nos consideramos apenas coadjuvantes, um na vida do outro, procurando motivos para não mostrar o que de fato, sabemos que acontece.

Peço, encarecidamente que não mais me conquiste, para não me apaixonar ainda mais, mas sim para continuar negando tudo que eu já consigo identificar sentir por você. Mais uma vez eu estou parada olhando nos teus olhos e pensando no que te dizer. Opto pelo silêncio. Não será dessa vez que vou me arriscar. Opto pelo garantido café.

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