sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Viva o Rádio

Por - Fábio Sinegaglia


Nesta semana comemoramos a Semana do Rádio, este maravilhoso meio de comunicação que completa 85 anos, sempre vivo, atualizado e vibrante na alma e no coração dos ouvintes e amantes. A descoberta do rádio brasileiro se deu pelo padre e cientista gaúcho Roberto Landell Moura, que realizou a primeira transmissão de palavra falada sem fios através de ondas eletromagnéticas, no início das transmissões ouvia-se ópera com discos emprestados dos próprios ouvintes, recitais de poesias, concertos, palestras culturais e outras atrações, oriundas de muito esforço pessoal e de um amor incondicional dos pioneiros da radiodifusão brasileira.

Durante esses 85 anos, o esporte, ganhou um enorme espaço na programação do rádio brasileiro, poderíamos definir rádio esportivo como sendo: toda a transmissão (in loco ou não) de um evento esportivo de qualquer modalidade realizada por uma equipe de profissionais especializada no assunto, sendo esta equipe geralmente formada por um locutor, um comentarista e um ou mais repórteres, ou ainda, programas esportivos apresentados de estúdio.

Mas certamente essa é uma forma muito acadêmica de qualificar o rádio, por isso, prefiro a definição dada por Luiz Fernando Veríssimo: “Quem, como eu, me criei ouvindo aqueles artistas da emoção que irradiavam os jogos, nunca podem aceitar outro estilo de narrar que não fosse o dramático latino. Lembro que na primeira vez em que fui ver um jogo até me decepcionei um pouco. Futebol no campo era emocionante, mas não tanto como no rádio.

Mas nunca perdi a impressão de que quem não transmitir o futebol como um locutor brasileiro, de certa forma o estava traindo. Era inadmissível, por exemplo, que o grito de ‘gol ’ tivesse um só ó”

O rádio esportivo foi se desenvolvendo ao longo dos anos, as transmissões esportivas começaram do início da década de 30, com dois nomes em destaque: Nicolau Tuma e Antônio Pedro Tota. Tuma foi certamente o primeiro gênio da locução esportiva, e até recebeu o apelido de Speaker (nome dado aos locutores de antigamente) Metralhadora pela sua maneira de transmitir. Tuma chegava a falar mais de 250 palavras por minuto e ao fazer uma transmissão.

Em 1938, por ocasião da Copa do mundo de Futebol disputada na França, Gagliano Neto recebeu exclusivamente para a transmissão, ganhando fama por este trabalho, sendo assim a primeira transmissão de Copa do Mundo do Rádio Brasileiro.

Posteriormente o compositor e narrador Ary Barroso, o Speaker da gaitinha, recebeu este nome porque quando ocorria um gol no jogo em que estava narrando ele assoprava uma gaitinha. Esta idéia surgiu porque na época não havia cabines de transmissão e, num jogo que ele ouviu em sua casa, ao terminar a partida, tinha certeza de um resultado e, no outro dia ao ler o jornal ele se surpreendeu com outro placar, diferente daquele que ele ouviu durante a transmissão da partida.

Foi então que verificou a necessidade em ter um som diferenciado para mostrar que havia ocorrido um gol. Foi desta gaitinha de Ary Barroso que se originou nos dias de hoje as vinhetas para serem colocadas no ar quando ocorre um gol, ou ainda, cada locutor criou sua maneira de narrá-los.

Os locutores acima citados podem ser considerados os pioneiros do rádio, mas não podemos deixar de citar outros nomes que fizeram e fazem o rádio esportivo: Podemos listar nomes como Pedro Luiz Paolollo, Edson Leite, Oduvaldo Cozzi, Jorge Cury, Geraldo José de Almeira, José Carlos de Araújo (o “Garotinho”), Osmar Santos, Fiori Giglioti, Joseval Peixoto, José Silvério, Geraldo Tassinari, Luciano do Valle, Silvio Luiz, Nilson Cesar, e Edér Luiz como os mais perfeitos e vibrantes locutores esportivos destes 85 anos de rádio, tornando as narrações esportivas uma das grandes atrações do rádio.

sinegaglia@uol.com.br

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